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31 de março de 2019

Filhos da Terra: Portugueses de Além Mar



António Manuel Hespanha publicou recentemente o livro Filhos da Terra: Identidades Mestiças nos Confins da Expansão Portuguesa, obra cuja leitura recomendo vivissimamente a todos os Portugueses, Metropolitanos e Ultramarinos, a todos quantos com os Portugueses, Metropolitanos e Ultramarinos, partilham a Língua Portuguesa e a Cultura Lusística, e, também, a todos os estudiosos das Línguas, Culturas e Histórias de Portugual e dos Mundos que o Português Criou.


E a propósito deste livro, bem como da recente e mui interessante conferência Goa e Portugal: Um passado sem futuro?, proferida por Jason Keith Fernandes – um Filho da Terra, nascido em Goa, na actual da República da Índia, da qual é cidadão –, lembrei-me de recuperar:
  1. O cartaz Português Mazombo que publiquei às 20:43 de 01 de Abril de 2017 no meu descriado Facebook Profile Álvaro Aragão Athayde.
  2. A dissertação de mestrado Filhos da terra: a comunidade macaense, ontem e hojedefendida por Alexandra Sofia Rangel na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 2010, dissertação em que se baseou um livro com o mesmo título posteriormente publicado pelo Instituto Internacional de Macau. 
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PORTUGUÊS MAZOMBO
Por Álvaro Aragão Athayde no seu (descriado) Facebook Profile a 01 de Abril de 2017, às 20:43.

Eu falo, tu fales, ele fale, nós falimos, vós falis, eles falem.

Deste o Tempo dos Filipes que os Reinóis buscam ser Politicamente Correctos – correcção política que, por vezes, atinge a Quadradice e a Apagada e Vil Tristeza do Medo de Viver –, coisa que não acontece com os Mazombos (¡Graças a Deus!), como este texto bem demonstra.

Pátio do Carmo, Recife, Pernambuco, Brasil.

CENTENO, AGORA, EU PUNHA-O MINISTRO DA GRAMÁTICA
Por Ferreira Fernandes 
em Diário de Notícias a 31 de Março de 2017, 00:00 

Não sei se deram conta mas a crise financeira mundial já vai para dez anos. É muito ano embebido em défices (números), consumo público (números), taxa de desemprego (números)… Aturdo com tantos algarismos e com aquela mania da vírgula entre eles para fingir exatidão. Pergunto: quando reavo o tempo perdido a comparar as centésimas campeãs do PIB de 1989 e de 2016?

Se eles, os números, tiveram direito à picuinha e aos cuidados intensivos, porque não vamos agora combater os verbos defectivos? Também eles, como o nome indica, com defeitos, como a nossa economia. Mas, ao contrário desta, sem esforços nem do governo nem da iniciativa privada para os resolver. Não entendo porque ainda há verbos mancos, com tempos para uns (para ele, nós e vós) e não para mim. Pois eu abulo essa mania, como vós abolis, sei lá, o direito de me reformar aos 50 anos. Há vida para lá do défice da balança de pagamentos; e há também verbos com défices que deveriam acabar.

Para as maleitas dos números há um Ministério da Economia e outro das Finanças – mas não há nenhum Ministério da Gramática. Como estamos formatados para as coisas das quantias, deixem-me tentar explicar o drama dos verbos defectivos com um exemplo que o Centeno domina. Um verbo defectivo é como aquele que me impede, se caio em bancarrota, de dizer: “Eu falo.” Já dizer “nós falimos” ou “vós falis”, posso. Quer dizer, nunca assumo a minha culpa na falência. Para mim, ela é sempre de outros ou, no mínimo, distribuo a minha culpa com outros.

O verbo falir – que é defectivo, quer dizer, não é conjugado em determinadas pessoas e tempos verbais – por acaso até é um dos melhores exemplos para mostrar como a gramática deveria ser tão acarinhada como o combate à corrupção. Está bem, não lhe deem um ministério, mas façam pelo menos uma ASAE para perseguir os verbos mancos que nos corrompem a linguagem. Um verbo defectivo é como o tabaco: lança uma nuvem para espalhar as culpas. Se não posso dizer “eu falo”, estou como o Marques Mendes quando juntou o Ricardo Espírito Santo aos investidores com cem euros de ações do BES. Todos no banco mau.

No devido momento, que é o tempo presente do indicativo, com a falência a quente, nunca ouvimos o Espírito Santo dizer: “Eu falo.” Ou alguém dizer ao Oliveira Costa: “Tu fales.” Essas exatas culpas não existem na nossa língua. Ao falir, na melhor das hipóteses de haver confissão, naufragamos juntos: “Nós falimos.” Quando a coisa estiver a ficar esquecida talvez já possamos ouvir o Alves dos Reis, 90 anos depois do Banco Angola e Metrópole, dizer no pretérito perfeito: “Eu fali.”

Os verbos defectivos dão desculpas manhosas para explicar os seus defeitos. Eles explicam a inexistência de uma sua determinada conjugação para não se confundir com um verbo usado mais frequentemente: no exemplo do “eu falo”, no sentido da bancarrota, seria para não nos baralharmos com o verbo falar. Nos tempos em que o antigo “pára”, de parar, se transformou em “para”, o argumento é pífio. Em outros casos, os verbos defectivos explicam-se por a flexão abolida soar de forma desagradável. Como aqueles meus “aturdo” e “reavo” do primeiro parágrafo, que não existem e deviam existir. Vejam dois verbos sinónimos: retorquir e retrucar. Este não é defectivo e tem a conjugação completa, por exemplo diz-se “ele retruca.” Já o defectivo retorquir impede o “ele retorque”. Pois eu retorquirei até que a voz me doa que o proibido “ele retorque” soa muito mais decente do que o “ele retruca”, tão evocador de truca-truca.

Aqui chegado, decido ser mais radical. Já não quero um departamento tipo ASAE que cuide das mazelas dos verbos mancos, falhados, incompletos. Por mim, abulo os verbos defectivos todos. Eles precisam mesmo de um Ministério da Gramática que prepare a comissão liquidatária. Acabar com eles: cada buraco de conjugação em determinadas pessoas, tempos e modos verbais será preenchido pela palavra que vai de si. Millôr Fernandes, mestre das palavras, não hesitou quando fez uma peça teatral onde falava de computar. Titulou a obra: “Computa, computar, computa.” E, apesar do que dizem certas gramáticas e gramáticos, aquele verbo passou a ser completo e não defectivo.

Os portugueses deixam as lacunas nos verbos continuar porque cedem perante a primeira dificuldade. Quem debate na televisão não diz “eu brando este argumento” com receio de que o tomem por mole. Como há dúvidas sobre a primeira pessoa do presente do indicativo, ninguém diz “eu esculpo”, mas depois os escultores madeirenses fazem o que fazem… O gerente da loja mete-se por um longo discurso e agarra-se ao gerúndio – “ressarcindo o cliente sei que Vexa. vai satisfeito…” – quando devia dizer, tão-só: “Claro, a loja ressarce!”, que infelizmente ainda não existe.

Mas vai passar a existir, não vai? Reparem, o verbo agir é muito mais antigo do que o verbo emergir, não é? Andamos a agir pelo mundo fora há mais tempo do que existem aulas de natação e bodyboard na Nazaré… Está aí a explicação: já há “eu ajo” que fez do agir um verbo completo. Mas no emergir não há meio de aparecer os “eu emirjo” e os “que vós emirjais”… Mas um dia eles virão à tona, não é? Se não vierem, eu coloro a minha vida de cinzento, carpo, exauro de tristeza, enfim, bano das minhas relações quem fale de forma defectiva.

Ler o original e os comentários dos leitores em
http://www.dn.pt/opiniao/opiniao-dn/ferreira-fernandes/interior/centeno-agora-eu-punha-o-ministro-da-gramatica-5760931.html
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MAZOMBO
Origem: Wikipédia, o dicionário livre.

1.
brasileiro, filho de pais europeus, especialmente portugueses do período colonial (contrastavam com os reinóis, nascidos na metrópole que posteriormente imigraram), ou pessoas culturalmente e etnicamente europeias nascidas no Brasil em geral.

Esta página foi modificada pela última vez à(s) 02h37min de 12 de Novembro de 2012.
https://pt.wiktionary.org/wiki/mazombo
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MAZOMBO
Origem: Dicionário inFormal. 
O dicionário onde o português é definido por você!

1.
Era a a forma depreciativa pela qual os portugueses nascidos no reino (reinóis) denominavam os filhos de portugueses nascidos na colônia.

2.
O têrmo mazombo significa : tristonho; taciturno; sorumbático; carrancudo; macambúzio; mal humorado. etc.

Esta página foi consultada às 14h51min de 1 de Abril de 2017.
http://www.dicionarioinformal.com.br/mazombo/
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“O MAZOMBO” - ENSAIO por Rosa Sampaio Torres
Origem: Blogue de Rosa Sampaio Torres.

(palavra de origem africana significando tristonho, taciturno, sorumbático, carrancudo, macambúzio, mal humorado).

       No século XVII o adjetivo “mazombo” foi usado para qualificar os filhos de portugueses já nascidos na Colônia.  E o “mazombo”,  como substantivo, a partir daí foi percebido como aquele que taciturno e macambúzio necessariamente carregaria ressentimentos e até indignação, motivado pela convicção de que não vivia onde merecia viver.

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Esta página foi consultada às 15h27min de 1 de Abril de 2017.
http://rosasampaiotorres.blogspot.pt/p/o-mazombo-ensaio.html
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GUERRA DOS MASCATES
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A “Guerra dos Mascates”, que se registrou de 1710 a 1711 na então Capitania de Pernambuco, é considerada um movimento nativista pela historiografia em História do Brasil.

Confrontaram-se os senhores de terras e de engenhos pernambucanos, concentrados em Olinda, e os comerciantes reinóis (portugueses da metrópole) do Recife, chamados pejorativamente de mascates. Quando houve as sedições entre os ‘mascates’ europeus do Recife e a ‘aristocracia rural’ de Olinda, os sectários dos mascates se apelidavam ‘tundacumbe’, ‘cipós’ e ‘camarões’, e os nobres e seus sectários, ‘pés rapados’ – porque quando haviam de tomar as armas, se punham logo descalços e à ligeira, para com menos embaraços as manejarem, e assim eram conhecidos como destros nelas, e muito valorosos, pelo que na história de Pernambuco, a alcunha de pés rapados é sinônimo de nobreza.

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Esta página foi modificada pela última vez à(s) 01h48min de 28 de Fevereiro de 2017.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_dos_Mascates
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GUERRA DOS MASCATES por José de Alencar
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

“Guerra dos Mascates” é um romance em dois volumes do escritor brasileiro José de Alencar. O livro entrou no prelo em 1871, como se vê na página de rosto, mas apenas em 1873 foi publicado e segundo o próprio Alencar: “ainda assim desacompanhado do outro tomo, que lhe serve de parelha”, que foi publicado em 1874.

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Esta página foi modificada pela última vez à(s) 16h48min de 31 de Março de 2017.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_dos_Mascates_(livro)
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GUERRA DOS MASCATES por José de Alencar
Origem: Goodreads.

‘Guerra dos Mascates’ tem como pano de fundo o conflito ocorrido em 1710 entre os comerciantes portugueses do Recife – os mascates – e os senhores de engenho de Olinda. Obra documentalmente cuidada e cheia de alusões à política do Império, enfoca o amor entre Nuno e D. Severa.

Esta página foi consultada às 15h57min de 1 de Abril de 2017.
https://www.goodreads.com/book/show/18753376-guerra-dos-mascates
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GUERRA DOS MASCATES por José de Alencar
Origem: Virtual Books.

Disponibilidade: Grátis para você para baixar agora!
Software Grátis requerido: Adobe Acrobat Reader

Esta página foi consultada às 14h26min de 1 de Abril de 2017.
http://www.virtualbooks.com.br/v2/ebooks/?idioma=Portugues&id=00047
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GUERRA DOS MASCATES por Miguel Real
Origem: Goodreads.

Miguel Real oferece-nos com A Guerra dos Mascates a narrativa de um confronto entre pequenos comerciantes e aristocratas que mobilizou a totalidade da população das cidades de Recife e Olinda no século XVIII.

Revoltados contra o poder dos mazombos – senhores todo-poderosos do Pernambuco, proprietários de engenhos de açúcar e herdeiros da elite que expulsou os Holandeses do território –, os mascates insurgem-se contra a exploração de que são vítimas e decidem fazer uma sublevação. Na linha da frente está Vidal Rabelo, cujo casamento com a nobre Leonor Barbalho foi impedido de consumar e que tudo fará para recuperar a «sua recém, recém, recém senhora», nem que seja raptando-a, se for preciso. A seu lado, entre tantos outros, perfilam-se Julinho Telles Fernandes, a corajosa Violante Dias e o grande lutador pela libertação dos escravos Lula Aparecido da Silva. Amor romântico e ódio colectivo, febre de fé e febre de dinheiro, dignidade social e vingança pessoal, conjugam-se na descrição de personalidades inesquecíveis do cândido ao malévolo para compor um romance deliciosamente irónico que confirma Miguel Real como um dos mais portentosos ficcionistas da actualidade.

Esta página foi consultada às 16h04min de 1 de Abril de 2017.
https://www.goodreads.com/book/show/18753376-guerra-dos-mascates
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A FRONDA DOS MAZOMBOS: 

Nobres contra Mascates, Pernambuco, 1666-1715 por Evaldo Cabral de Mello
Origem: Google Play.

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Esta página foi consultada às 16h26min de 1 de Abril de 2017.
https://books.google.es/books?id=72jSAvuUAuoC&printsec=frontcover#v=onepage&q&f=false
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A FRONDA DOS MAZOMBOS: 

Nobres contra Mascates, Pernambuco, 1666-1715 por Evaldo Cabral de Mello
Origem:  Goodreads.

Severino Lucena's review Aug 13, 2009 “it was amazing”:
Livro bastante interessante. Versa sobre a guerra dos mascates,um conflito de classes no Pernambuco colonial. Esplêndida reconstrução da realidade do período. O autor possui um vocabulário bastante sofisticado e nos brinda com documentos e relatos bastante minuciosos da época. Para qualquer um com interesse na história do Brasil colonial e até mesmo interessados em melhorar o vocabulário.

Esta página foi consultada às 16h33min de 1 de Abril de 2017.
https://www.goodreads.com/book/show/5142799-a-fronda-dos-mazombos
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PÁTIO DO CARMO
Origem: V1. Via expressa de Notícias.

Sábado, 26 de Fevereiro de 2011
Há 301 anos teve início a Guerra dos Mascates com o início das hostilidades em Vitória de Santo Antão

Esta página foi consultada às 16h33min de 1 de Abril de 2017.
http://ven1.blogspot.pt/2011/02/ha-301-anos-teve-inicio-guerra-dos.html
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ESTE TEXTO EM PDF
https://www.dropbox.com/s/far74heak69glq3/Portugu%C3%AAs%20Mazombo.pdf?dl=0
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Filhos da terra: a comunidade macaense, ontem e hoje
por
Alexandra Sofia de Senna Fernandes Hagedorn Rangel
Faculdade de Letras da Univerdidade de Lisboa





Filhos da terra: a comunidade macaense, ontem e hoje
por
Alexandra Sofia de Senna Fernandes Hagedorn Rangel
Instituto Internacional de Macau
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Referências
  1. "Filhos da Terra: Identidades Mestiças Nos Confins da Expansão Portuguesa by António Manuel Hespanha". Goodreads. sem data de publicação. Recuperado a 31 de Março de 2019.
  2. "Goa e Portugal: Um passado sem futuro?". Álvaro Aragão Athayde. coisas & loisas. Publicado a 30 de Março de 2019, às 12:22. recuperado a 31 de Março de 2019, às 02:25.
  3. "Portugal, Hoje: O Medo de Existir by José Gil". Goodreads. sem data de publicação. Recuperado a 31 de Março de 2019.


Etiqueta principal: Filhos da Terra.
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