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Pecados da Carne Henrique Monteiro, em 18-07-2019 |
Eu tenho o direito !!!
Eu não tenho o dever !!!
Como se dizia antigamente, Não há respeito !!!
Mas primeiro o artigo…
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Médica agredida no Hospital de Setúbal Adília Vieira, 28-12-2019 |
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OPINIÃO A violência contra os médicos
Por João Araújo Correia no Público, às 08:05 de 05 de Janeiro de 2020.
Hoje, durante o pequeno-almoço, a televisão dava a notícia de mais dois casos de violência extrema contra médicos, em Moscavide e Setúbal. Sou um internista com 60 anos, que ainda não interiorizei, e no domingo estarei de urgência durante 24h. A minha mulher insiste em que devo deixar de fazer urgência, conforme a lei permite. Ao ouvir a notícia, começo a pensar que ela tem razão.
A violência contra os médicos no exercício da sua profissão é um sintoma de uma doença. Chama-se degradação social. Estes dois últimos governos não provocaram a enfermidade, mas deram as condições propícias para que ela se manifestasse e esteja a alastrar de forma avassaladora!
A degradação social é um fenómeno de corrosão progressiva, que temos dificuldade em reconhecer, até se tornar evidente que o nível de civilização baixou irremediavelmente. Nunca há um único culpado. Há um crescente laxismo, em que vamos aceitando o inaceitável. Na televisão, a vulgaridade é catapultada ao estrelato. Todos acreditam que o estatuto social se mede pelos bens, que se exibem sem despudor. A inteligência é confundida com a esperteza. Ninguém lê um livro ou dá valor a um intelectual.
Quando os sinais da doença estão instalados, sendo a violência contra médicos e professores dos mais preocupantes, a justiça tem de ser exemplar e imediata. Se a justiça não atua, a sociedade entenderá que tudo é possível e legítimo, como se a violência fosse uma mera expressão de opinião. Não tenho dúvidas que assim estes casos se irão repetir. Não me consta que em nenhum destes últimos três casos de agressão a médicos, os seus autores tenham ido passar sequer umas horas à esquadra para reflexão. Ficou-se pela identificação dos supostos doentes e familiares. A justiça pode esperar.
Desde o início deste ciclo político, a atitude dos governos perante a saúde tem sido sempre de mera propaganda, remetendo para os profissionais a responsabilidades das ineficiências do sistema. Em vez de se reformar o SNS, com medidas que aumentem a capacidade de resposta, fazem-se declarações bombásticas com contratações de profissionais, que ninguém vê. Dizem dar autonomia aos hospitais e depois enredam-nos numa teia burocrática, que torna vãos todos os esforços. Abrem-se concursos sem nexo, em que os diretores do serviço não têm qualquer intervenção.
Até a apregoada transparência das listas de espera da consulta e da triagem de Manchester no SU dos hospitais, é uma forma encapotada de desculpabilizar as políticas e culpar os profissionais. As pessoas entendem que se há urgências com uma hora de espera e outras com cinco horas, a culpa é de quem lá está a trabalhar. Há uns meses, um utente revoltado, a aguardar observação na urgência há 3h, disse-me que eu devia ter vergonha em chefiar aquela equipa. Pedi-lhe para que visse como todos estavam a trabalhar sem descanso. Manteve o dedo acusador: “você devia contratar mais gente!”
Presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna
A degradação social é um fenómeno de corrosão progressiva, que temos dificuldade em reconhecer, até se tornar evidente que o nível de civilização baixou irremediavelmente. Nunca há um único culpado. Há um crescente laxismo, em que vamos aceitando o inaceitável. Na televisão, a vulgaridade é catapultada ao estrelato. Todos acreditam que o estatuto social se mede pelos bens, que se exibem sem despudor. A inteligência é confundida com a esperteza. Ninguém lê um livro ou dá valor a um intelectual.
Quando os sinais da doença estão instalados, sendo a violência contra médicos e professores dos mais preocupantes, a justiça tem de ser exemplar e imediata. Se a justiça não atua, a sociedade entenderá que tudo é possível e legítimo, como se a violência fosse uma mera expressão de opinião. Não tenho dúvidas que assim estes casos se irão repetir. Não me consta que em nenhum destes últimos três casos de agressão a médicos, os seus autores tenham ido passar sequer umas horas à esquadra para reflexão. Ficou-se pela identificação dos supostos doentes e familiares. A justiça pode esperar.
Desde o início deste ciclo político, a atitude dos governos perante a saúde tem sido sempre de mera propaganda, remetendo para os profissionais a responsabilidades das ineficiências do sistema. Em vez de se reformar o SNS, com medidas que aumentem a capacidade de resposta, fazem-se declarações bombásticas com contratações de profissionais, que ninguém vê. Dizem dar autonomia aos hospitais e depois enredam-nos numa teia burocrática, que torna vãos todos os esforços. Abrem-se concursos sem nexo, em que os diretores do serviço não têm qualquer intervenção.
Até a apregoada transparência das listas de espera da consulta e da triagem de Manchester no SU dos hospitais, é uma forma encapotada de desculpabilizar as políticas e culpar os profissionais. As pessoas entendem que se há urgências com uma hora de espera e outras com cinco horas, a culpa é de quem lá está a trabalhar. Há uns meses, um utente revoltado, a aguardar observação na urgência há 3h, disse-me que eu devia ter vergonha em chefiar aquela equipa. Pedi-lhe para que visse como todos estavam a trabalhar sem descanso. Manteve o dedo acusador: “você devia contratar mais gente!”
Presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna
Ler os comentários dos leitores para ficar com uma ideia do tipo de reacções destes.
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Deputado sofre Henrique Monteiro, em 14-06-2011 |
Entretanto, e curiosamente, José António Saraiva publicou no semanário Sol de ontem, dia 04 de Janeiro de 2020, um artigo de opinião intitulado “Democracia, ditadura, dinheiro e ideologia” cujo primeiro parágrafo é do segunte tero, cito:
No primeiro artigo do ano, venho propor aos leitores uma reflexão que julgo ser original. Pelo menos, nunca a vi escrita nem discutida em nenhum sítio. E, no entanto, ela afigura-se-me perfeitamente óbvia. Enunciada de uma forma simples, a ideia é esta: os regimes assentes no dinheiro são democracias, os regimes assentes em ideologias são ditaduras.
sendo que me parece evidente que José António Saraiva não tem a noção de que
- A ideologia democrática é tão ideológica quanto as demais ideologias.
- Um regime político assente no dinheiro é uma plutocracia (do grego πλουτοκρατία, governo dos ricos), não uma democracia (do grego δημοκρατίας, governo do público).
- As democracias parlamentares contemporâneas são, na realidade, plutocracias em que os ricos exercem o poder por interpostas pessoas.
- A corrupção é inerente ao exercício do poder por interpostas pessoas.
Fonte das ilustrações
- "Pecados da Carne". Henrique Monteiro. Henricartoon. Publicado a 18 de Julho de 2019. Recuperado às 18:34 de 05 de Janeiro de 2019.
- "Ordem dos Médicos condena agressão a médica". Adília Vieira. Notícias24. Publicado às 21.20 de 28 de Dezembro de 2019. Recuperado às 18:51 de 05 de Janeiro de 2019.
- "Deputado sofre". Henrique Monteiro. Henricartoon. Publicado a 14 de Juho de 2011. Recuperado às 20:36 de 05 de Janeiro de 2019.
Etiqueta principal: Teoria Política.
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