Orçamento e Escravidão por Dívida
Uma imagem, um artigo, dois comentários.
artigo
O Jogo do Rapa
O governo já aprovou. Os “aliados” também. Ainda há margem para negociação e ajuste, mas o essencial está ali. Seguiu para o Parlamento, com cedências e compromissos assumidos. Como é hábito. Quem sempre protestou contra o facto de as negociações orçamentais serem feitas “nas costas dos deputados” está agora silencioso. É normal: as negociações parlamentares são precedidas ou seguidas de discussões a dois ou três, mais ou menos discretas. Só se queixa quem não faz parte dessas conversas.
António Barreto • Diário de Notícias • 16 de Outubro de 2016 - 00:00 • Original
Mais do que nunca, o Orçamento é objecto de luta intensa. As razões são evidentes. Primeiro, há o confronto entre governo e oposição. O dinheiro é pouco, a Europa está a ver, as agências de rating também, o endividamento continua a crescer, a economia estagna e o investimento reduz. Ora, as promessas de acabar com a austeridade e iniciar um novo ciclo de prosperidade eram muitas. Sem resultados visíveis. O que é preocupante.
Segundo, há a luta entre aliados. Os partidos que apoiam o governo têm de satisfazer clientes, não podem ficar de mãos a abanar. Entre estes, as negociações são mais duras do que as convencionais entre situação e oposição. O PCP e o Bloco têm de mostrar alguma coisa: taxas e sobretaxas, aumentos de pensões e de subsídios sociais. Seja o que for, mas que permita justificar a “paz social” que se vive nas escolas, nos hospitais, na administração e nos transportes públicos. O PCP e o Bloco abandonaram a rua, mas é preciso que tal não se perceba.
O Orçamento é a folha de contabilidade de mais de metade da economia portuguesa: competir por fatias de orçamento é lutar pela divisão de poder, pelos interesses das classes e pelos ganhos e perdas. Como pouca coisa vive fora do Orçamento, é o prato essencial. A maior parte dos grupos económicos depende das encomendas do Estado, dos investimentos públicos e dos fundos europeus. As obras também. Tal como o novo emprego. Subsídios, bolsas, pensões e benefícios dependem do Estado. As discussões que se conhecem e de que a imprensa se fez eco são relativas aos pagamentos ao Estado ou do Estado. Não há praticamente quem queira debater a economia, a actividade das empresas, os planos de investimento, as prioridades industriais e de serviços ou as condições de crédito à actividade económica. Nada disso parece ter qualquer importância! Como também não foram marcantes as discussões sobre o Serviço Nacional de Saúde ou o sistema público de educação. Na verdade, a discussão aproximou-se muito daquele antigo Jogo do Rapa, em que o pião ditava a sorte de cada jogador: Rapa, Deixa, Tira e Põe!
Como toda a gente sabe que a prosperidade não é possível para breve, que vai ser necessário fazer sacrifícios, que as ameaças de sanções e de cortes de fundos são reais e que o investimento continua a não dar sinais de vida, o que é mais interessante é ver que ninguém, da situação e da oposição, quer ficar na fotografia. Muito pelo contrário, a agitação é toda para culpar os outros do que vai correr mal.
O problema é que quanto maior for a economia no Orçamento, ou dele dependente, menores são o crescimento e a eficácia. Como menor é o investimento privado. É verdade que aumenta a capacidade de decisão política e que assim se consolida o velho lugar-comum do primado da política, isto é, da subordinação da economia à política. Convém no entanto recordar que alguns dos maiores desastres da humanidade, como a colectivização forçada soviética, a revolução cultural chinesa e a economia de guerra nazi são boas ilustrações desse princípio. Cá em Portugal, a ditadura, a Censura, a guerra em África, o analfabetismo persistente, o condicionamento industrial e a nacionalização de empresas são também, à nossa escala, bons exemplos da “política no posto de comando”. É bom recordar!
primeiro comentário
Escravidão por Dívida
Uma questão radical:
Quem beneficiaria se Portugal fosse de novo resgatado?
segundo comentário
Política Primeiro
A “política no posto de comando” a “política primeiro”, «politique d'abord» no original, foi, e é, característico do Maurrasianismo (de Charles Maurras), do Nacionalismo Integral e do Integralismo Lusitano, não do Marxismo (de Karl Marx) e do Socialismo Científico, quer na sua versão Social-democrata quer na sua versão Comunista.
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Bazuca e Escravidão por Dívida
Quanto está acima da linha acima foi publicado no meu descriado Facebook Profile Álvaro Aragão Athayde em
numa data que não sei precisar, mas certamente posterior 16 de Outubro de 2016, a data do artigo de António Barreto que transcrevi e re-transcrevo.
O Facebook Profile foi descriado, quanto lá tinha sido publicado desapareceu, mas a minha pasta que continha as imagens e o rascunho não desapareceu, e foi a partir desse rascunho e dessas imagens que me foi possível reconstruir o que então publiquei e agora republico.
Na dita pasta estava ainda um gráfico sobre a Evolução Histórica da Dívida Pública de Portugal, gráfico que então não publiquei mas que agora vou publicar:
Do semanário “Expresso”, mas não consegui recuperar a hiperligação para o original.
Entretanto, e ao procurar a dita hiperligação, encontrei mais gráficos sobre a mesma questão, Evolução Histórica da Dívida Pública de Portugal:
A grande mentira
Lembrei-me da publicação “Orçamento e Escravidão por Dívida” e fui recuperá-la por causa da Bazuca que ai vem e tanto entusiasma o tanta gente.
A Bazuca é Dívida!
A Bazuca é Dívida, mais Dívida!!!
Parte dessa Dívida já foi contraída pela Comissão Europeia em nome dos Estados da União Europeia – logo de Portugal… também –, a restante será contraída pelos Portugueses – Estado, Empresas, Particulares – se para a contraírem tiverem crédito junto das competentes instituições: bancos, capitalistas, emprestadores, financiadores, como preferirem chamar-lhes
Ficheiro pdf, para descarga, com este texto.
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