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11 de julho de 2020

Portugal no início do 3.º Milénio d.C.

nove mapas 
Jaime Nogueira Pinto
décimo mapa
comentário

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A Região Euro-Mediterrânica no início do 1.º Milénio d.C.
2
A Região Euro-Mediterrânica no início do 2.º Milénio d.C.
3
A Região Euro-Mediterrânica no início do Século XVI d.C.
– meio do 2.º Milénio d.C. –
4
Unificação Quinhentista do Mundo
– passagem da Era pré-Gâmica à Era pós-Gâmica –
5
A Região Euro-Mediterrânica no início do Século XVII d.C.
6
A Região Euro-Mediterrânica no início do Século XVIII d.C.
7
A Região Euro-Mediterrânica no início do Século XIX d.C.
8
A Região Euro-Mediterrânica no início do Século XX d.C.
9
A Região Euro-Mediterrânica no início do 3.º Milénio d.C.
– início do Século XXI –



Política e geopolítica 
na nova ordem mundial: 
uma nova ordem?

Para além da vida doméstica, da política doméstica, das surpresas e tragédias do desconfinamento, multiplicam-se os acontecimentos na vida internacional – na grande e na pequena escala.

Por Jaime Nogueira Pinto 
no Observador a 10 de Julho de 2020, às 00:04 UTC+01:00. Tem comentários dos leitores.

A pandemia, os números repetidos diariamente dos infectados, dos recuperados, dos mortos, dos internados, dos cuidados intensivos, os altos e baixos dos continentes e países levam-nos a esquecer ou subalternizar que, há vida – e morte – para além do coronavírus.

Mas há. E para além da vida doméstica, da política doméstica, das surpresas e tragédias do desconfinamento, multiplicam-se os acontecimentos na vida internacional – na grande e na pequena escala.

A Nova Constituição Russa

Tivemos um referendo, em que Vladimir Putin procurou sustentação popular para as mudanças e reformas na Constituição russa. Para além da mais citada e sublinhada, a que lhe poderá permitir ficar na presidência até 2036, há outras medidas de fundo ideológico que traduzem a consagração de uma linha de nacionalismo conservador, religioso e identitário. Isto não é novidade para quem tenha acompanhado a trajectória, as raízes ideológicas e as alianças de Putin. Este, depois de ganhar apoio popular com a melhoria da situação económica e restabelecer a autoridade e estabilidade no conflito com os radicais chechenos, foi buscar uma base de apoio ao patriotismo do povo russo e ao conservadorismo da Igreja Ortodoxa.

Mas, sentindo que, apesar dos horrores do bolchevismo e do estalinismo, subsistia também, entre os russos, algum sentimento de orgulho patriótico em relação à “Guerra Patriótica”, teve o cuidado de não rejeitar todo o período da URSS na sua concepção do patriotismo russo. Por outro lado, revolucionariamente tradicional, reintroduz “a fé em Deus, transmitida pelos nossos antepassados” e definindo-se contra o politicamente correcto impõe o casamento como “união entre um homem e uma mulher”; e que o “povo russo” é elemento determinante da constituição do Estado.  Fica também uma nota de “unificação” ou estatização mais identitária.

Por isto não nos podemos admirar que os movimentos nacionalistas populares europeus – com o Rassemblement National de Marine le Pen e o Lega de Matteo Salvini – tenham grandes simpatias e afinidades com Putin.

O discurso político do líder russo traz claramente de volta, os valores de Deus, da Pátria e da Família, num catecismo que está bem longe do liberalismo político-cultural “do Ocidente” e ainda mais da sua versão do esquerdismo politicamente correcto.

Trump no Monte Rushmore

E foi do mesmo tom o discurso do 4 de Julho, de Donald Trump, que muitos conservadores consideraram o seu melhor discurso político: aproveitando a ocasião para exaltar os “patriotas” que a 4 de Julho de 1776 fundaram oficialmente a América, o Presidente dos Estados Unidos fez um elaborado contra-ataque e desmontagem da ideologia inspiradora dos “bandos agressivos“ que há algumas semanas vêm destruindo estátuas, saqueando lojas, criando zonas “livres” em cidades, retratando-os como iconoclastas, inimigos da cultura e do povo americanos.

Ao mesmo tempo veio sublinhar a natureza totalitária dessa cultura da Anti-América, que se exprime para além da destruição ou dessacralização de símbolos e monumentos da História americana, na imposição de uma nova linguagem, que à semelhança do Newspeak orwelliano, traz um Newspeak que promove certas palavras e expressões e proíbe outras tantas.

Por outro lado, e com grande aplauso da assistência, anunciou a detenção de alguns dos responsáveis pelas destruições e vandalizações dos monumentos a George Washington, Andrew Jackson, Abraham Lincoln e Ulysses Grant.

Passando à inspiração ideológica destes comportamentos antipatrióticos, Trump disse que resultava de “anos de doutrinação e preconceitos na educação, no jornalismo, em instituições culturais”, de uma formação antipatriótica que, sistematicamente, distorcia a história americana,  de modo que os jovens, em vez de respeitar aqueles heróis e construtores da Pátria, passavam a vê-los como racistas, esclavagistas, imperialistas, figuras para odiar e não para admirar.

Traçou depois os perfis dos Presidentes imortalizados ali, no Mount Rushmore, de George Washington a Thomas Jefferson a Lincoln e Ted Roosevelt, que simbolizam a aventura da Nação Americana.

Mais adiante, sempre muito ovacionado pela multidão juntou num mesmo rol de representantes dos ideais de cultura americana, figuras de militares como George Patton, de cantores e músicos como Louis Armstrong, Ella Fitzgerald, Elvis Presley, mas também inventores e pioneiros da técnica como os irmãos Wright, escritores e poetas como Mark Twain e Walt Whitman, actores como Bob Hope e Frank Sinatra. Brancos e negros, conservadores e liberais, republicanos e democratas, mas todos patriotas.

E terminou com um apelo à unidade da América e dos Americanos na data da sua independência e sob as esculturas gigantes dos Presidentes, da autoria de Gutzon Borglum, ali representados.

O discurso de Trump no Mount Rushmore, embora no quadro polémico de uma pré-campanha eleitoral e como resposta à vaga de esquerda iconoclasta dos “valores americanos”, acaba por sublinhar e defender os valores de Pátria, a Religião, o Patriotismo, a Família, a importância da História – da História correctamente contada, na formação dos cidadãos.

Putin atacou claramente o liberalismo ou progressismo no sentido europeu; Trump a correcção política e um “liberalismo” (à americana) que sob a forma do radicalismo da Nova Esquerda, ataca não só teórica ou doutrinariamente os valores americanos, mas materialmente destrói os seus símbolos.

E a Europa?

Na Europa, a UE continua a proclamar uma agenda oposta – a Constituição europeia rejeitou expressamente a inclusão do nome de Deus, a maioria das legislações consagrou os casamentos homossexuais, e o patriotismo e o nacionalismo são vistos como perigosos desvios da doutrina oficial da integração europeia, inimigos da democracia e da liberdade.

Mas o facto é que em quase todos os países da Europa existem hoje e afirmam-se partidos e movimentos políticos que vão no sentido, precisamente, de um reforço deste tipo de valores, embora permanecendo um laicismo mais forte e fora do conservadorismo religioso da América e Rússia. O que terá a ver com a descristianização da Europa Ocidental.

E, por outro lado, a Oriente, agora sob todos os focos pela crise aberta pela pandemia, mas também pela presença nas economias do resto do mundo, e pela linha agressiva de uma política recente, ergue-se a República Popular da China, a potência nova no status quo.



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Idade do Bronze Tardia na Europa (circa 1.300 – 750 a.C.)
– a “Europa” da União Europeia está a amarelo –



A “Europa” da União Europeia está a amarelo no mapa 10.

Com excepção da antiga Marca Hispânica Carolíngia, actual Catalunha, a Península Ibérica não é “Europa” da União Europeia, tal como o não são a Península Balcânica, a Península Escandinava, as Ilhas Britânicas e toda a Península Europeia a Oriente da Bacia Hidrográfica do Rio Vístula.

A cultura da “Europa” da União Europeia, bem como a dos Estados Unidos da América, é a Cultura Galo-Romano-Germânica, mais conhecida por Cultura, ou Civilização, Ocidental, uma cultura, ou civilização, que de Cristã tem pouco.
x
Os “pais” da Cultura, ou Civilização, Ocidental, foram: 

  1. Siágrio, General Romano, (430 – 486/487 d.C.), 
  2. Clodoveu I, Rei dos Francos (c. 466 – 511 d.C.), 
  3. Carlos Magno, Rei dos Francos (742 – 814 d.C.), 
  4. Leão III, Papa (c. 750 – 816 d.C.), 
  5. Otão I, Imperador Romano-Germânico (912 – 973 d.C.), 
  6. Gregório VII, Papa (c. 1020/1025 – 1085 d.C.), 
  7. Martinho Lutero, Teólogo (1483 – 1546 d.C.), 
  8. Henrique, Rei, VIII de Inglaterra (1491 – 1547 d.C.), 
  9. Carlos V, Imperador Romano-Germânico (1500 – 1558 d.C.), 
  10. João Calvino, Teólogo (1509 – 1564 d.C.), 
  11. Jaime VI, Rei, da Escócia e I de Inglaterra (1566 – 1625 d.C.), 
  12. Thomas Hobbes, Filósofo (1588 – 1679 d.C.).

Pese embora António de Oliveira Salazar tenha afirmado que “Portugal não é um país europeu e tende cada vez mais a sê-lo cada vez menos.” Jaime Nogueira Pinto, e as demais auto-denominadas “Direitas Portuguesas”, parecem estar convencidos de que Portugal é um país europeu, da “Europa” da União Europeia.

Mas não é.

Já o não era quando protagonizou a Unificação do Mundo, na viragem do século XV para o século XVI, menos o passou a ser depois, menos ainda o será no futuro.




Fontes
  1. Mapas 1-3 e 5-9: History of Europe”. Euratlas. No publication date. Retrieved on July 10, 2020.
  2. Mapa 4: “História do Império Marítimo Português”. Índia Portuguesa. Sem data de publicação. Recuperado a 10 de julho de 2020.
  3. Política e geopolítica na nova ordem mundial: uma nova ordem?”. Jaime Nogueira Pinto. Observador. Publicado a 10 de Julho de 2020, às 00:04 UTC+01:00. Recuperado a 11 de Julho de 2020, às 10:24 UTC+01:00.
  4. Mapa 10: “Ficheiro:Europe late bronze age-pt.svg”. Wikipédia, a enciclopédia livre. Publicado às 01h37min de 31 de maio de 2016. Recuperado a 11 de julho de 2020, às 10:43 UTC+01:00.






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