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2 de outubro de 2018

O Último Ultramarino


o último ultramarino


Em 2095, na data dos 120 anos da independência, há-de inaugurar-se em Luanda um memorial de homenagem ao colono de Angola. Será o desfecho natural de um processo de reabilitação da memória dos colonos e e do que foi a sua acção na formação do país, mas também a reparação moral dos males infligidos pela descolonização, e depois, já na independência.

Até à sua morte, em 2027, Bartolomeu Seabra foi sempre notando da parte dos dirigentes angolanos gestos de arrependimento pelo que aconteceu – uns mais discretos do que outros. O memorial dá sentido vivo a isso.


Em homenagem àqueles que uma descolonização conturbada arrancou de Angola, terra a que estavam ligados por fortes e afectuosos laços de sangue, nascimento ou adopção. Sofreram na carne e na alma as condições atrozes em que ocorreu a sua partida.

Depois, já longe, sofreram as atrocidades com que intermináveis julgamentos políticos e ideológicos do passado colonial de Portugal, foram continuamente vergastando as suas pessoas e as sua vidas.

Morreram ou hão-de morrer em paz, conscientes de que foram esforçadas e honradas as vidas que viveram em Angola (sendo outros os tempos e outras as realidades que os marcaram) e seguros de terem amado verdadeiramente Angola. Vingaram assim o infortúnio das suas vidas.



autor
xavier de figueiredo

prefaciador
jorge braga de macedo

posfaciador
justino pinto de andrade

capa
ricardo rodrigues


Bibliografia Nacional Portuguesa


África Monitor


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Sendo eu próprio um ultramarino, um angolano brancoum colonoum retornadopouco tenho a acrescentar senão, talvez, sugerir a quem me lê que leia Uma fazenda em África, por João Pedro Marques, O Último Ano em Luanda, por Tiago Rebelo, A Sombra do Imbondeiro - Estórias e Memórias de África, por Isabel Valadão, Mais um Dia de Vida - Angola 1975, por Ryszard Kapuściński (que Edições Tinta da China republicaram em 2013e O Retorno, por Dulce Maria Cardoso.

Mas se quem me lê estiver interessado num livro de história escrito por quem em 1974-75 tinha 6-7 anos poderá ler Segredos da Descolonização de Angola, por Alexandra Marques, que, pese embora tenha por subtítulo Toda a verdade sobre o maior tabu da presença portuguesa em África, está muito longe de conter toda a verdade até porque, como a própria autora confessa, existem documentos que não consultou porque foram retirados dos arquivos, uns, lhe foi não autorizada a consulta, outros. 

Além de que Alexandra Marques só pesquisou as "memórias oficiais" – isto é, a documentação produzida pela Estrutura das Forças Armadas Portuguesas, estrutura que era, e é, dominada pelos "chicos", ou "puros", os Oficiais do Quadro Permanente provindos da Academia Militar e da Escola Naval – ignorando quase completamente as abundantes mas difíceis de recolher memórias dos Oficiais, Sargentos e Praças Milicianos, dos Recrutamentos Metropolitano e Provincial de Angola, bem como as dos elementos das Forças Auxiliares (Organização Provincial de Voluntários e Defesa Civil de Angola e outras) e as dos Civis.

Temas principais: Angola, Portugal, Política.
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