Mapa diacrónico do Reino dos Francos (em latim: Regnum Francorum), de 481 a 843.
O meu problema com a União Europeia não tem a ver com nem Ursula von der Leyen, nem com Angela Merkel, nem com qualquer outro que para lá vá ou lá tenha estado, o meu problema com a União Europeiatem a ver com a própria União Europeia.
Estados fundadores da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA), embrião das futuras Comunidade Económica Europeia (CEE) e União Europeia (UE). Na época, em 1952, a Argélia era parte do território da Quarta República Francesa.
Só que, em minha opinião, a metodologia que funcionou na Alemanha no século XIX não tem a menor hipótese de funcionar na Europa no século XXI.
Em minha opinião a metodologia funcionou na Alemanha no século XIX porque, pese embora as suas diferenças e particularismos, que os têm, os Alemães eram uma Nação. Tinham uma Língua Comum, uma História Comum, uma Cultura Comum e viam-se a si próprios como uma Nação, a Nação Alemã.
Ainda em minha opinião a dita metodologia não tem a menor hipótese de funcionar na Europa no século XXI porque, chegue ou não a Europa aos Urais, os Europeus não são uma Nação. Não têm uma Língua Comum, uma História Comum, uma Cultura Comum, não se vêm a si próprios como uma Nação, a Nação Europeia.
Portanto, e sempre em minha opinião, uma Associação Europeia de Comércio Livre é um tipo de organização com hipótese de funcionar e de ser vantajosa para todos os participantes, uma União Aduaneira Europeia, ou uma União Europeia, não.
Aqueles que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo
Sei bem que nos tempos que correm falar de Língua, de História, de Cultura, de Nação, é algo que costuma dar direito a sermos expeditamente etiquetados de “direitistas”, de “reaccionários”, de “fascistas” por vezes, mas o facto é que, conforme escreveu George Santayana: “Progress, far from consisting in change, depends on retentiveness. When change is absolute there remains no being to improve and no direction is set for possible improvement: and when experience is not retained, as among savages, infancy is perpetual. Those who cannot remember the past are condemned to repeat it.”
“Reino Franco”. Wikipédia, a enciclopédia livre. Esta página foi editada pela última vez às 23h02min de 1 de maio de 2019. Recuperada às 06h02min de 26 de julho de 2019.
“União Europeia”. Wikipédia, a enciclopédia livre. Esta página foi editada pela última vez às 00h19min de 17 de julho de 2019. Recuperada às 06h39min de 26 de julho de 2019.
“Zollverein”. Wikipédia, a enciclopédia livre. Esta página foi editada pela última vez às 12h08min de 21 de agosto de 2018. Recuperada às 07h26min de 26 de julho de 2019.
“George Santayana”. Wikiquote, the free quote compendium. This page was last edited on 9 June 2019, at 23:01. Retrieved on 26 July 2019, at 07:56.
A transcrição da crónica “Diário” de Vasco Pulido Valente, publicada sábado, dia 6 de Julho de 2019, no Público. A transcrição do meu comentário à dita crónica. Um vídeo, brasileiro, de apresentação do livro A Europa Alemã: A Crise do Euro e as Novas Perspectivas de Poder (São Paulo, Paz e Terra, 2015), livro que foi publicado em Portugal com o título A Europa Alemã de Maquiavel a «Merkievel»: Estratégias de Poder na Crise do Euro (Lisboa, Edições 70, 2014) e originalmente, na Alemanha, em 2012. Um artigo, “O fim da Europa alemã”, originalmente publicado na Gazeta Wyborcza (Varsóvia), cuja tradução foi publicada no VoxEurop a 21 de Junho de 2012. Algumas imagens, as fontes e referências.
Diário
Por Vasco Pulido Valente no Público a 06 de Julho de 2019, às 07:59.
30 de Junho
Peregrinação anual à Casa da Calçada em Amarante. É bom verificar que aqui, como toda a gente sabe, há outra civilização.
1 de Julho
Os chefes dos partidos começam a escolher, perante a passividade geral, os deputados que nós vamos obrigatoriamente eleger em Outubro. Rui Rio já apresentou seis para cabeças-de-lista em Lisboa, Porto, Braga, Aveiro, Leiria e Coimbra. Foi uma surpresa: caras novas, tiradas do anonimato, por critérios que nós nunca saberemos. Só uma coisa está à vista, o feminismo do chefe: quatro mulheres, dois homens. A mim, coube-me uma filha do Pedro e da Helena Roseta, chamada Filipa, sobre a qual até hoje não sabia nada, nem sequer que tinha nascido. Estou agora à espera, para comparar, do que vai sair das intrigas do Largo do Rato.
Esta extraordinária maneira de nomear os nossos soberanos – representação proporcional, método de Hondt e arbítrio dos chefes – não parece incomodar os portugueses.
2 de Julho
O grande estratega António Costa e os seus parceiros da “esquerda democrática” europeia, depois de uma reunião que durou 18 horas, para não falar em negociações de meses, acabaram de mãos vazias. Costa confessou: “neste momento não há plano nenhum”. Pois não.
A Irlanda, a Croácia, a Letónia, a Itália e o grupo de Visegrado estragaram tudo. Não era preciso ser bruxo para prever o que sucedeu. A “Europa” só existiu porque houve forças externas que lhe deram alguma unidade e coesão. Durante a Guerra Fria, foi o anti-comunismo e a vontade da América. Depois, a necessidade que o Ocidente teve de absorver as antigas colónias da Rússia. Hoje, a “Europa” não tem destino; e a América já se desinteressou dela. O centro não resiste e as parcelas fogem cada uma para o seu lado. Não vale a pena falar de populismo e ameaçar com a extrema-direita. A Europa, a velha Europa das nações, é muito complicada e não se pode reduzir às simplicidades da ortodoxia comunitária.
3 de Julho
Acabou a comédia da “Europa”, das eleições e do parlamentarismo. Quando se chegou a um beco sem saída, apareceu à vista de todos o poder da Alemanha. A sra. Merkel falou ao PPE e o PPE, disciplinadamente, falou aos 28 (ou 27, conforme se queira). Macron abichou um lugarzinho para Christine Lagarde e os socialistas um prémio de consolação, o Alto-Representante para a Política Exterior, o que é óptimo, tendo em conta que não há “política exterior”.
Um ingénuo perguntará para que se votou em Maio. Setenta por cento dos portugueses já tinham percebido.
4 de Julho
Não percebo a polémica entre João Miguel Tavares e Miguel Sousa Tavares. O problema da maior ou menor independência do Ministério Público, que até hoje só preocupou Rui Rio (o que não é uma recomendação), não me parece o problema fundamental da justiça portuguesa.
Para um leigo, como eu, a justiça portuguesa não “funciona” por causa do direito processual, que é inutilmente complicado e ridiculamente garantístico. Mas não vejo ninguém discutir a sério esse ponto particular. A opinião só se interessa pelos “casos” de gente pública e notória, enquanto o labirinto legal continua praticamente na mesma e as queixas não param de crescer.
Fundado em 1834 e redundado em 1867, o Zollverein, Deutscher Zollverein,
ou União Aduaneira Alemã, concebido e promovido pelo Reino da Prússia,
foi uma união aduaneira que tinha por objectivo
criar um mercado comum dos 39 estados alemães,
mercado comum esse que foi essencial à Unificação da Alemanha, em 1871.
VPV sobre a “Partidocracia” e sobre a "Europa"
Por Álvaro Aragão Athayde no Público a 06 de Julho de 2019, às 07:59.
Sobre a “Partidocracia” resta-me acrescentar que cada vez mais gente percebe que as Eleições para a Assembleia da República são uma farsa, que votar, ou não votar, é o mesmo e que, portanto, cada vez mais gente se poupa ao incómodo de ir votar.
Sobre a “Europa” há que reconhecer a realidade dos factos.
A “América Wilsoniana” entregou a “Europa” à Alemanha: «Governem-na e ajudem-nos a conquistar a Rússia.»
Só que a Alemanha tem demonstrado muito pouco interesse em voltar a tentar conquistar a Rússia e muito interesse em independentizar-se da América, algo que muito incomodou, e incomoda, a “América Wilsoniana” e, actualmente muito incomoda, também, a “América Jacksoniana”, embora por diferentes motivos.
Para Portugal, entalado entre as Potências Continental e Marítima, a situação é má.
#7 - A Europa alemã, de Ulrich Beck
Por Icles Rodrigues no YouTube: Leitura ObrigaHISTÓRIA a 01/10/2015.
Salve, espectadores do canal! Hoje apresento a vocês um livro acessível, curto e direto sobre a proeminência da Alemanha na zona do Euro: A Europa alemã, de Ulrich Beck. Lançado originalmente em 2012 no exterior, foi lançado no Brasil em 2015 pela Editora Boitempo.
União Europeia: O fim da Europa alemã
A coisa parece decidida: Berlim vai impor a sua visão política e a sua ordem económica à UE. Não é fácil, escreve o Gazeta Wyborcza, porque o seu modelo social está em declínio e o país não está mais bem preparado do que os outros para a união política.
Por Piotr Buras na VoxEurop a 21 de Junho de 2012.
German Europe by Rainer Hachfeld.
Europa Alemã por Rainer Hachfeld.
Muitos mitos foram crescendo em torno da política europeia da Alemanha, mitos que não permitem abarcar totalmente a gravidade da situação atual. Pelo menos dois exigem uma explicação.
O primeiro mito diz que a Alemanha – o maior beneficiário da moeda única e a maior economia da Europa – renunciou à solidariedade com o resto do continente e virou-lhe as costas. Na realidade, sem o apoio da Alemanha, a zona euro teria caído há muito tempo. Nos últimos três anos, Berlim concedeu mais de 200 mil milhões de euros em empréstimos e garantias de crédito a Estados-membros da conturbada zona euro.
O segundo mito diz que – apesar da crise – a Alemanha está hoje tão bem que perdeu o interesse na Europa e procura parceiros em países como a China ou o Brasil. É certo que foi o comércio com aqueles países que levou ao crescimento da Alemanha no primeiro trimestre de 2012, apesar da deterioração das condições de mercado. Mas as exportações alemãs continuam dependentes da zona euro, que representa 40% das transações (contra apenas 6% com a China). O colapso do euro e a agitação social e política que previsivelmente se seguiria em pelo menos algumas das economias da moeda única afetaria muito mais a Alemanha do que diversos outros países.
Fim da simbiose
Para salvar a Europa, os alemães não precisam apenas de abrir os cordões à bolsa, mas também de abandonar os seus conceitos a respeito da Europa e da economia, considerados garantia de sucesso da Alemanha nas décadas do pós-guerra. Isso significa um grande desafio político e intelectual.
O princípio inabalável de que cada país é responsável pelas suas próprias dívidas está hoje posto de lado. O BCE tem desempenhado um papel fundamental na recuperação da economia de vários países da falência, contrariando o dogma alemão de que a manutenção da estabilidade monetária é a única função da instituição.
É um paradoxo que a Alemanha precise de se reinventar num momento em que o seu modelo tem mais êxito que nunca, com a economia em crescimento e o desemprego mais baixo de sempre. Mudar de rumo nestas circunstâncias requer uma grande dose de coragem e determinação, que Merkel não tem.
A fraqueza do gigante
O segundo motivo, pouco conhecido, para o presente dilema europeu da Alemanha tem a ver com a sua própria situação socioeconómica. Os benefícios do sucesso económico da Alemanha da última década têm tido uma distribuição muito desigual. A desigualdade económica tem crescido mais rapidamente do que no resto do mundo industrializado.
Durante a fase de crescimento, a competitividade das exportações da Alemanha deveu-se precisamente, em grande parte, a valores de mão de obra, ou seja, baixos salários. Quem antes estava desempregado beneficiou realmente com a criação de novos empregos. Mas a qualidade da maioria desses empregos está muito longe do confortável epíteto de "capitalismo do Reno". A Alemanha detém a maior quantidade de contratos de trabalho “descartáveis” da Europa.
A isso somam-se elevadas dívidas de muitos municípios, que, forçados a introduzir medidas de austeridade drásticas, fecham serviços públicos, piscinas, centros culturais e de saúde. Paradoxalmente, a erosão do modelo social alemão acelerou-se a partir do lançamento do euro e do resultante “boom” económico.
Enquanto a Europa vê a Alemanha como uma potência económica que domina todo o continente, os alemães – apesar da prosperidade – assistem a uma crise do modelo de Estado social e de crescimento do bem-estar a que se tinham habituado a seguir à guerra.
Défice democrático
O terceiro problema da Alemanha em relação à Europa tem a ver com democracia. A recusa dos alemães em aceitar a criação de “eurobonds” (títulos europeus de dívida) ou outras soluções mais radicais prende-se com o facto de considerarem que tal transferência de prerrogativas para a UE iria obrigar a alterações na sua constituição. O Tribunal Constitucional de Karlsruhe assim o defendeu em tempos, definindo os limites possíveis para a integração. A UE tem hoje um problema real de democracia. Um dos aspetos é a tecnocracia, que, como aponta Ivan Krastev na edição mais recente de Polityczny Przegląd (“Comentário político”), significa que, na Itália ou Grécia, “os eleitores podem mudar governos, mas não a política económica”.
A outra face deste problema é a falta de vontade política por parte das sociedades (não apenas da alemã) em delegar mais poderes à UE. Talvez a Europa só possa ser salva com um grande passo na direção de uma união política, mas é precisamente a isso que a opinião pública dos Estados-membros se opõe.
O economista norte-americano Raghuran Rajan escreveu há algum tempo que os políticos são incapazes de responder a perigos de escala desconhecida. É uma boa explicação para a posição de Angela Merkel. Até agora, a política alemã concentrou-se em minorar danos e tentar preservar ao máximo a "Europa alemã".
Nos últimos tempos, a chanceler Merkel vem mencionando a necessidade de criar uma união política, perspetiva que os dirigentes da UE irão discutir na cimeira do final deste mês. Não é Berlim, mas Paris, que se pode revelar o maior obstáculo a esse processo. O dilema "colapso da UE ou união política" tornou-se muito real. Talvez a maior falha de Merkel tenha sido a sua incapacidade para preparar o público para ambos os cenários.
MERKEL-HOLLANDE Entre o narcisismo e a histeria
x Ao oferecer 100 mil milhões de euros em garantias à Espanha para resgatar o sistema bancário do país, a chanceler Angela Merkel "esqueceu os seus princípios por momentos". Deixou também no ar a ideia de que os gregos iriam ser igualmente beneficiados. Mas, como realça a Newsweek Polska, isso ainda não significa uma reversão da política de austeridade e de cortes no orçamento:x A Alemanha tornou-se um gigante narcisista – muito orgulhoso do seu êxito... A chanceler parece estar a dizer a todos na UE: ‘Sejam como nós’. Este narcisismo não seria tão trágico se não se tivesse dado o render da guarda em França. Ao invés de procurar novas soluções, o novo Presidente francês está apenas interessado em dizer mal de Berlim. Vem exigindo histericamente que Merkel – sem quaisquer condições à partida – assine um enorme programa de ‘eurobonds’, que os alemães não terão capacidade de cobrir. Esta é a fotografia da liderança da UE cinco minutos antes do desastre. O narcisismo alemão está no comando. E a histeria francesa continua a fazer exigências irrealistas, porque é a única coisa de que é capaz.
Um líbio (berbere), um núbio (sudanês oriental), um sírio (semita) e um egípcio, representados por um artista desconhecido num mural da tumba do Faraó Seti I, que reinou de 1290 a 1279 aC.
A transcrição de um artigo de Miguel Mealha Estrada, publicado no Observador a 24 de Junho de 2019, a transcrição do meu comentário ao dito artigo, algumas imagens, as fontes e referências.
A ignorância e o abuso de “raça” no extremismo da política inimiga da Ciência e do Humanismo
Por Miguel Mealha Estrada no Observador a 24 de Junho de 2019, às 00:46.
As pequenas diferenças que se notam no Homo sapiens são fatores adaptativos à área geográfica onde vivem, que influencia a cor dos olhos, a pigmentação da pele, a altura, entre outros poucos elementos
Num mar de desinformação científica, o qual inclui a genética, assistimos cada vez mais à proliferação da iliteracia científica, muita com intuitos nefastos com o propósito de consolidar o populismo que cimenta as políticas extremistas, alimentando os mais vulneráveis com respostas falsas, não científicas e exponencialmente perigosas.
Mas, ideologias à parte, vamos dar uma olhada à realidade e ver o que nos diz a ciência. Como irão ver, o assunto é extremamente complexo.
Se olharmos para a história da taxonomia do conceito de ‘raça’, entramos num oceano de disparidades pseudocientíficas (embora tenhamos em conta o rudimentar conhecimento científico da altura, e por tal temos de dar um desconto). Já no começo da ciência europeia moderna, podemos atribuir no século XVIII o início da arte da taxonomia botânica, animal e humana ao botânico e médico Carl Linnaeus. Foi provavelmente o pai da taxonomia do mundo vegetal e animal.
Contudo ainda nos dias de hoje temos cientistas que abusam e deturpam a ciência perante as suas convicções ideológicas e políticas. Existem cientistas que são aliados à extrema-direita, deturpando a ciência à medida da sua crença. Mas talvez o pior sejam os cientistas bem-intencionados (felizmente cada vez menos) que continuam a usar uma terminologia taxonómica que sugere o conceito de ‘raças’, pelo único propósito de se referirem a um grupo, confundindo ainda mais a ciência.
Mas afinal o conceito de raça existe?
A realidade é que é absolutamente inútil tentar dividir a nossa espécie Homo sapiens em termos de raça. Tem sido demonstrado cada vez mais que subdividir o Homo sapiens em diferentes unidades raciais, numa análise objetivamente científica, é uma tarefa falaciosa e completamente inútil.
Mas porquê? Bom, aqui entra a complexidade da coisa.
A biologia molecular comparativa continua o seu estudo em foco geográfico para determinar diferenças entre populações, e não fazer algum atentado à taxonomia de ‘raça’. Isto é ciência.
Sem dúvida nenhuma que ainda existe debate dentro da ciência em relação às diferentes possibilidades de taxonomias entre populações e nos métodos científicos para atingir consenso. Isto é saudável, pois existe a necessidade, para compreender e estudar os nossos ecossistemas e biodiversidade, de uma linguagem que denomine um certo tipo de conhecimento.
Contudo o que os cientistas reconhecem que tais métodos não são aplicáveis para a classificação de variantes dentro das próprias espécies, que são as unidades fundamentais de análise quando examinamos e estudamos a estrutura da vida.
O Homo sapiens é o recém-chegado da nossa linhagem evolutiva. Em termos evolutivos, fisicamente as variações na nossa espécie são na realidade uma minoria em relação à totalidade do genoma, e só podem ser compreendidas através do prisma do nosso processo evolutivo e geográfico.
A variação entre espécies é extremamente crucial para a sobrevivência e adaptação da nossa espécie. Relembremo-nos que a evolução não se foca de maneira nenhuma com uma finalidade de atingir uma perfeição, e nem sempre se conforma ao fenómeno de adaptação para evoluir como se pensava. Já Charles Darwin sublinhava que o essencial à evolução não é propriamente adaptação, mas sim o conceito de variação, tanto entre espécies, como muito importantemente, intra-espécies. E porque é a variação numa espécie essencial à sobrevivência e evolução dessa espécie? Simplesmente porque a variação consegue oferecer a melhor solução a algum problema adaptativo. Se há um problema evolutivo, por exemplo, a nível de doença, se não existisse variação que pudesse oferecer a melhor resposta a esse problema, o problema ficaria com as ferramentas genéticas que existissem, muito provavelmente guiando-nos à extinção.
Vamos agora dar uma breve olhada em algumas problemáticas na replicação do ADN, pois é essencial compreender este aspeto. É precisamente este aspeto de replicação que é extremamente importante em como atua o conceito de variação entre espécies e se elimina cientificamente do vocabulário o termo de ‘raça’.
Vários fatores podem gerar este fenómeno. Vamos ver por exemplo o caso Seleção Natural: esta irá dar atenção a uma nova variante ou mutação em 3 sentidos diferentes. Pode ver a mutação como benéfica, em que então irá ficar em favor (e propagar) essa mesma nova mutação; pode ver essa mesma mutação como patogénica, e pelos seus mecanismos eliminar essa mesma mutação da população; ou poderá considerar essa mutação como neutra, à qual não dará importância.
Aqui entramos na área complicada na taxonomia da temática de ‘raça’. Qualquer subdivisão de uma espécie em subespécies não é geneticamente e em termos taxonómicos viável, pois não existem hipóteses de objetivamente e cientificamente em determinar a identificação de diferenciação de subespécies. Neste prisma o processo de reprodução não tem implicação, ou qualquer outro critério pois não passa de semântica subjetiva.
Na realidade, as pequenas diferenças que se notam no Homo sapiens são fatores adaptativos à área geográfica onde habitam, que influencia a cor dos olhos, a pigmentação da pele ou a altura entre outros poucos elementos.
A cultura também exerce um peso em certas diferenciações — contudo a falta dela, especialmente a científica, exerce um peso maior, quando a beleza da biologia e ciência cai nas mãos dos ignorantes, que usam a complexidade da biodiversidade para alimentar crenças populistas. Mais uma vez faz-se um apelo ao governo para que insista na educação científica da população, pois a falta dela certamente alimenta o extremismo, a ignorância, a intolerância e um atalho ao supermercado do pronto-a-pensar.
É desta ignorância que se alimenta a extrema-direita, pois é fácil compreender o mundo com a ignorância. Saber dá mais trabalho, mas compensa.
O conceito de ‘raça’ é um constructo social. Só existe uma espécie: Homo sapiens.
Especialista em Neurodesenvolvimento
Uma ilustração do final do século XIX, de Ireland from One or Two Neglected Points of View por H. Strickland Constable, mostra uma alegada semelhança entre as características Irlandesa Ibérica e Negra em contraste com as superiores características Anglo-Teutónica.
A legenda que acompanha a figura reza o seguinte: Acredita-se que os ibéricos tenham sido originalmente uma raça Africana que, há milhares de anos e através da Espanha, se espalharam pela Europa Ocidental. Seus restos mortais são encontrados em túmulos, ou locais de enterramento, em diversas partes desses países. Os crânios são do tipo de baixo prognatismo. Eles vieram para a Irlanda e misturaram-se com os nativos do Sul e do Oeste, que se supõe terem sido de tipo inferir e descendentes de selvagens da Idade da Pedra, que, em consequência do isolamento do resto do mundo, nunca tinham sido superados na saudável luta pela vida, e assim abriu o caminho, de acordo com as leis da natureza, às raças superiores.
Raças Humanas e Racismo
Por Álvaro Aragão Athayde no Observador a 25 de Junho de 2019, às 07:47.
Negar a existência de Raças Humanas é, tal como negar a existência do Movimento do Sol, total falta de senso comum… e de bom senso.
O Movimento do Sol é aparente?
É, sabemos-lo hoje, mas há não muitos anos.
Mas o facto de o Movimento do Sol ser aparente não nos impede de ver o Sol surgir a Oriente, cruzar o céu e desaparecer a Ocidente.
Existe uma espécie Homo sapiens sapiens e todos os Homo sapiens actualmente vivos são dessa espécie?
É, sabemos-lo hoje e, curiosamente, sabemos-lo há muitos séculos.
E sabemos-lo há muitos séculos tal como sabemos há muitos séculos que cães e gatos, ou burros e cavalos, são de espécies diferentes.
Animais da mesma espécie cruzam-se e têm crias férteis, animais de espécies diferentes não se cruzam ou, caso se cruzem, têm crias não férteis.
Mas isso acarreta que um Banto seja igual a um Chinês, ou u Esquimó a um Siciliano?
Todos sabemos que não!
Os problemas criados pelas teorias de Joseph Arthur de Gobineau, um Francês, e Francis Galton, um Inglês, não se resolvem via negação da realidade dos factos.
Fontes
“Raças humanas”. Wikipédia. Esta página foi editada pela última vez às 13h29min de 15 de junho de 2019. Recuperada às 10h09min de 02 de julho de 2019. & “Controvérsia racial do Antigo Egito”. Wikipédia. Esta página foi editada pela última vez às 16h24min de 27 de março de 2019. Recuperada às 10h09min de 02 de julho de 2019.
“Raça”. Wikiquote. Esta página foi editada pela última vez às 03h01min de 10 de agosto de 2015. Recuperada às 19h20min de 02 de julho de 2019. & “Racismo científico”. Wikipedia. Esta página se editó por última vez el 1 jul 2019 a las 11:33. Recuperada el 01 jul 2019 a las 19:20. & “Racism”. Wikipedia. This page was last edited on 28 June 2019, at 13:15 (UTC). Retrieved on 02 July 2019, at 18:20(UTC).
Referências
“Raças humanas”. Wikipédia. Esta página foi editada pela última vez às 13h29min de 15 de junho de 2019. Recuperada às 10h09min de 02 de julho de 2019.
“Maldición de Ham”. Wikipedia. Esta página se editó por última vez el 9 feb 2019 a las 05:12. Recuperada el 02 jul 2019 a las 22:00.
“Racismo científico”. Wikipedia. Esta página se editó por última vez el 1 jul 2019 a las 11:33. Recuperada el 01 jul 2019 a las 19:20.
“Racism”. Wikipedia. This page was last edited on 28 June 2019, at 13:15 (UTC). Retrieved on 02 July 2019, at 18:20(UTC).
“Racisme antiblanc”. Wikipédia. La dernière modification de cette page a été faite le 30 juin 2019 à 20:23. Récupéré le 02 juillet 2019 à 21:54.
“Controvérsia racial do Antigo Egito”. Wikipédia. Esta página foi editada pela última vez às 16h24min de 27 de março de 2019. Recuperada às 10h09min de 02 de julho de 2019.
“Arthur de Gobineau”. Wikipédia. Esta página foi editada pela última vez às 19h05min de 1 de junho de 2019. Recuperada às 20h01min de 02 de julho de 2019.
“Francis Galton”. Wikipédia. Esta página foi editada pela última vez às 16h46min de 28 de junho de 2019. Recuperada às 20h03min de 02 de julho de 2019.
“Joaquim Pedro de Oliveira Martins”. Wikipédia. Esta página foi editada pela última vez às 18h25min de 15 de maio de 2019. Recuperada às 20h05min de 02 de julho de 2019.
“Eugenia”. Wikipédia. Esta página foi editada pela última vez às 20h06min de 25 de junho de 2019. Recuperada às 21h34min de 02 de julho de 2019.
“Movimento eugenista”. Wikipédia. Esta página foi editada pela última vez às 01h54min de 26 de abril de 2019. Recuperada às 21h36min de 02 de julho de 2019.
“Galton Institute”. Wikipedia. This page was last edited on 14 April 2019, at 11:34 (UTC). Retrieved on 02 July 2019, at 20:43 (UTC).