o governo daqueles que têm no “ganho” a primeira prioridade.
Nas Democracias Ocidentais tudo se compra, tudo se vende, e quem não tem algo para vender, ou dinheiro para comprar, está fora dos mercados, não existe.
Digo isto com algum desgôsto …
Fiquei contente com o 25 de Abril de 1974 (25A), tal como todos os da minha geração, íamos – finalmente! – poder participar no governo da república , tudo iria deixar de ser “só como eles queriam”, nós teríamos uma “palavra a dizer”.
Ó ilusões da juventude …
Dizem-nos que temos mais liberdade de expressão do que antes do 25A … – mentira! – tal como então não podemos tocar nos “assuntos tabú”.
Dizem-nos que temos mais liberdade política do que antes do 25A … – mentira! – tal como então podemos plebiscitar “os escolhidos”.
Mas, ao contrário do que acontecia antes do 25 de Abril, não sabemos quem manda, quem “realmente manda”, pelo que corremos um risco que então não corriamos, o risco de pisar, inadvertidamente, “o risco”.
E este desabafo vai-me custar, como é hábito, o ser etiquetado de “comunista”, por uns, de “fascista”, por outros, ou, talvez, quem sabe, de “populista”, “putinista”, “racista”, “trumpista”, etiquetas hoje bem mais na moda.
Olá a todos! Sejam bem-vindos a mais um encontro de “Medicamentos que supostamente curam a COVID-19 mas afinal não”. Espero que estejam todos bem desde a semana passada. Vejo que temos aqui uma cara nova. Como te chamas?
Dexametasona
Chamo-me Dexametasona. Mas podem chamar-me Dexa.
Hidroxicloroquina
Olá, Dexa. O meu nome é Hidroxicloroquina. Sou a responsável deste grupo de fármacos. Nós aqui somos uma democracia e eu apenas sirvo de moderadora. Portanto, podes dizer tudo aquilo que quiseres, ok?
Dexametasona
OK.
Hidroxicloroquina
Muito bem. Queres-nos falar um pouco mais sobre ti?
Dexametasona
Eu… Eu sou um corticóide. Sirvo para muita coisa, nomeadamente para ser administrada nos doentes com lesões medulares ou tumores intracranianos. E, pelos vistos, também sirvo para curar a COVID-19.
Ibuprofeno
Coitada, esta ainda está em negação.
Hidroxicloroquina
Ibuprofeno, não sejas assim para a Dexa. Lembras-te quando cá chegaste? Numa semana tratavas a COVID-19, na semana a seguir já te associavas à maior taxa de mortalidade… Lembras-te de como isso te mexeu com a cabeça? Tem um bocadinho de respeito, por favor. Dexa, podes continuar, por favor.
Dexametasona
Aparentemente, um estudo de Oxford disse que eu tenho capacidade para melhorar a taxa de mortalidade dos doentes com COVID-19. Logicamente, toda a gente correu para a farmácia para me comprar, esgotaram o meu stock e faltei aos doentes que realmente precisavam de mim. Sinto-me muito culpada.
Perindopril
· Colocando o braço à volta da Dexametasona.
Ó minha querida, não penses mais nisso. Também andaram a dizer que eu, os meus irmãos e os meus primos curávamos a doença, porque inibíamos o receptor pelo qual o vírus entra no pneumócito. Até se deram ao trabalho de aerossolizar uns infelizes de uns primos meus. No fim, não deu em nada.
Valsartan
· A cochichar com o Irbesartan.
Olha, o Perindopril já lhe está a arrastar a asa…
Perindopril
Já te disseram que tens um terminal OH lindo?
Hidroxicloroquina
Perindopril, já chega! Larga a miúda. Não vês que ela acabou de chegar aqui? Não vês que está confusa? Deixa-a respirar, se faz favor.
Perindopril
· A afastar-se enquanto pisca o olho à Dexametasona.
Se algum dia precisares que baixe a sistólica de algum dos teus doentes, dá-me um toque…
Hidroxicloroquina
Tens de desculpar aqui o pinga-amor do Perindopril. Nunca mais foi o mesmo desde que a Remdesivir saiu do grupo, depois daquele estudo da NEJM que mostrou que afinal reduzia mesmo a duração da doença…
Dexametasona
Não há problema. Eu agora só queria saber o que vai ser de mim.
Hidroxicloroquina
Olha, querida, eu vou-te explicar o que se vai passar de seguida. Vais estar nas bocas do mundo, vais aparecer nos telejornais, em artigos nas redes sociais… Vais ter meio mundo a falar de ti e o outro meio mundo louco à porta das farmácias para te comprar. Vais ser uma espécie de Beatle da Farmacologia. Toda a gente vai depositar a esperança em ti. Vais-te sentir muito especial…
Dexametasona
Mas… Mas isso é bom, certo?
Hidroxicloroquina
Lembra-te, fofinha, quanto mais alta é a subida, mais brusca é a queda. Com o tempo, vão sair estudos que demonstram que afinal não és assim tão boa. Alguns até vão dizer que aumentas a mortalidade. E, de repente, todas as pessoas que te idolatravam vão-se esquecer de ti. Vais voltar a tratar edemas cerebrais num ápice. Mas não te preocupes. Eu, o Ibuprofeno, o Perindopril e os restantes medicamentos vamos estar aqui para te apoiar.
Os medicamentos aproximaram-se todos da Dexametasona e abraçaram-na, fazendo-a sentir um bocadinho mais segura.
Lá fora, a cebola, o alho, a sálvia e uma série de produtos homeopáticos batiam à porta e gritavam “Deixem-nos entrar!”. Coisa que nunca aconteceu porque, como não são medicamentos, o lugar deles é na rua, à chuva.
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❎ COVID19 - A Situação em Portugal
▪︎ Fonte, Diário Epidemiológico da DGS.
▪︎ 08 Junho - Segunda
▪︎ 97° Dia após início da Pandemia.
▪︎ 89° Dia de Confinamento pessoal. 8 dias já em Experiência de Desconfinamento.
▪︎ Iniciamos a 1 de Junho a fase de Desconfinamento.
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● Desconfinar não é Descontrair ●
■ RESUMO
Não fora os actuais surtos de Lisboa e Vale do Tejo e os nossos Indices, encaminhar-se-iam para a neutralidade.
O número de internamentos a baixar consideravelmente.
A anterior situação leva a crer, que os Serviços de Saúde já têm capacidade de resposta aos Doentes não Covid.
A Letalidade a diminuir.
Já passamos os 936.000 testes. Na última semana. 13.000 testes/dia.
Bem menos doentes a aguardar os resultados laboratoriais. Hoje 1.063.
Mais doentes em tratamentoambulatório.
Não há demonstração que o Desconfinamento seja o criador dos novos contaminados.
Novosdoentes em crescimento, todavia bem melhor que há algumas semanas atrás.
Os mais idosos, > 70 anos são os doentes mais vitimizados pela Pandemia.
Portugal bem qualificado no ranking internacional.
■ BREVE INFORMAÇÃO DO QUE SE PASSA NO MUNDO
Fonte Prof. João Freitas. Dados a 6/6/20.
□ Novos Doentes
Portugal, ocupa o 30° lugar da tabela de doentes infectados, com 3.368 por milhão de habitantes (Mh) e o 25° no numero de óbitos. Já estivemos no lugar 16º, quer em infetados, quer em óbitos.
Temos assim 29 Países em pior posição que Portugal.
Brasil, 3.069 por Mh. Melhor, por enquanto, que Portugal. Olhando para as notícias não pareceria!!!
LUXEMBURGO, 6.454 (em ??,? milhões de habitantes)
ESPANHA, __ 6.168 (em 47,7 milhões de habitantes)
USA, ______ 5.974 (em 331,0 milhões de habitantes)
ITALIA, ___ 3.886 (em 60,4 milhões de habitantes)
PORTUGAL, _ 3.368 (em 10,2 milhões de habitantes)
BRASIL, ___ 3.069 (em 212,0 milhões de habitantes)
□ Mortes por Milhão de Habitantes
BÉLGICA, ______ 827
REINO UNIDO, __ 596
ESPANHA, ______ 580
ITÁLIA, _______ 560
SUÉCIA, _______ 461
FRANÇA, _______ 447
HOLANDA, ______ 351
ESTADOS UNIDOS, 338
BRASIL, _______ 166
PORTUGAL, _____ 145
ALEMANHA, _____ 105
Calculando por Milhão de Habitantes é possível comparar com rigor estatístico, países com dimensões populacionais muito diferentes.
■ PORTUGAL - DOENTES INFECTADOS
□ Antepenúltima semana (semana de 18 a 24 Maio de 2020):
Soma Novos Casos: +1.813
□ Penúltima Semana (semana de 25 a 31 Maio de 2020):
25 Mai N° Casos30.778 + 0,5%
26 Mai N° Casos31.007 + 0,7%
27 Mai N° Casos31.292 + 0 9%
28 Mai N° Casos31.596 + 1,0%
29 Mai N° Casos31.946 + 1,1%
30 Mai N° Casos32.203 + 0,8%
31 Mai N° Casos32.500 + 0,9%
Soma Novos Casos: +1.887
□ Última Semana (semana de 01 a 07 Junho de 2020):
01 Jun N° Casos32.700 + 0,6%
02 Jun N° Casos32.895 + 0,6%
03 Jun N° Casos33.261 + 1,1%
04 Jun N° Casos33.592 + 1,0%
05 Jun N° Casos33.969 + 1,0%
06 Jun N° Casos34.351 + 1,1%
07 Jun N° Casos34.693 + 1,0%
Soma Novos Casos: +2.153
□ Evolução 3 Últimas Semanas:
Antepenúltima Semana: 1.813 ⬆️
Penúltima Semana: ___ 1.887 ⬆️
Última Semana: ______ 2.153 ⬆️
Soma Novos Casos nas 3 Últimas Semanas: +5.853
□ Destes 5.853 novos doentes cerca de 80% são da grande Região de Lisboa e Vale do Tejo (4 Milhões de Habitantes). É aqui que agora está o cerne do problema.
□ Evolução Hoje:
08 Jun N° Casos 34.885 + 0,6%
Não se deixem "enganar" com o Ííndice percentual do Nº Casos parecer baixos, como o n° do acumulado de novos casos é muito elevado, (> 34.000), os novos infetados, apesar do aumento diário expressivo, na sua divisão pelo acumulado do dia anterior, resultam num índice de baixo valor, que não pode ser analizado isoladamente.
□ Entre a penúltima e a última semana, verificou-se um crescimento de + 1.877 doentes.
Em média + 238 doentes/dia.
A Região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT) é agora aRegião que mais contribui (80%) para este maior crescimento.
Lisboa está desde há três semanas, cercada de novos contágios e o cerco aproxima-se cada vez mais da grande cidade.
Estes Novos Doentes têm origem, predominante, nos trabalhadores temporários da construção civil e das plataformas logísticas.
Os Concelhos com maior contribuição de novos doentes são: Loures, Odivelas, Amadora, Sintra e Lisboa. A Azambuja já não está a contabilizar para o atual surto da Pandemia.
■ CONSIDERAÇÕES - DGS/MS
Globalmente considero que a DGS e o Ministério da Saúde. têm feito um bom trabalho, que elogio.
Todavia, em três meses de Pandemia, mostram muita dificuldade em articular uma estratégia de acção, de antecipação, de percepção dos acontecimentos. Passam, grande parte do seu tempo, a reagir e não a agir.
Desconheço as razões deste processo de menor eficácia. Falta de recursos, falta de métodos analíticos das bases de dados, falta de software especializado, falta de massa cinzenta, má preparação dos recursos, organização mal estruturada que reage, mas não age preventivamente, falta do contributo dos Cientistas e das Universidades?
O actual surto da Região LVT era esperável.
O Ministério da Administração Interna, da Segurança Social têm, ou deveriam ter, através das secretas e outros meios de informação, o rastreamento dos movimentos dos trabalhadores temporários da construção civil, das cadeias logísticas da Cintura de Lisboa onde trabalham, dos bairros com más condições habitacionais, dos alojamentos em estilo caserna da maioria destes trabalhadores indiferenciados, etc..
Recordemos os problemas anteriores com o alojamento de refugiados políticos nos Hostels, em Lisboa, que surpreenderam as autoridades!
As condições económicas, sociais, habitacionais e a baixa literacia, ajudam a explicar estes surtos.
Observem a diferença destes acontecimentos e comparem com o que acontece na Auto Europa, commais de 4000 mil colaboradores, mais os milhares das Empresas subsidiárias que ladeiam esta estrutura na região de Setúbal.
Dá que pensar! A diferença é abissal. Chama-se gestão eficaz, trabalhadores especializados não temporários, mão de obra com salários competitivos e foco, repito foco, no controle e na prevenção do seus ativos essenciais, os Recursos Humanos.
● Estamos todos na mesma tempestade, mas não estamos todos no mesmo barco ●
Os epidemiologista acreditam, e cada vez mais bem sustentado, que na terceira semana de Junho, teremos um crescimento de novos casos, fruto dos contágios actuais.
28.795 doentes em vigilância domiciliária, acompanhados, creio, pelos Especialistas de Medicina Familiar e Enfermeiros dos respetivos Centros de Saúde eUSF.
Este N° está em crescimento, por responsabilidade directa da Região de LVT.
1.603 doentes aguardam os resultados laboratoriais, número também estabilizado e bem menor que no passado recente.
Realizadosmais de 936.000 testes, até 03-Jun-2020.
■ NOVOS CASOS - INDICADORES DIÁRIOS
▪︎ MAIO:
□ Antepenúltima Semana (semana de 18 a 24 Maio de 2020):
Total da Semana: +1.813 Novos Doentes⬆️
□ Penúltima Semana (semana de 25 a 31 Maio de 2020):
Dia 25 +165 ➡️(Seg)
Dia 26 +219 ⬆️
Dia 27 +285 ⬆️
Dia 28 +304 ⬆️
Dia 29 +350 ⬆️⬆️
Dia 30 +257 ⬇️
Dia 31 +297 ⬆️ (Dom)
▪︎Total da Semana: +1.877 doentes ⬆️
▪︎ JUNHO
□ Última Semana (semana de 01 a 07 Junho de 2020):
Dia 01 +290 ➡️ (Seg)
Dia 02 +195 ⬇️
Dia 03 +366 ⬆️⬆️
Dia 04 +331 ▶️
Dia 05 +337 ▶️
Dia 06 +382 🔼
Dia 07 +342 🔽 (Dom)
Total da Semana: + 2.540 doentes ⬆️⬆️
□ Evolução Média/Dia, de Casos Activos das últimas 9 semanas:
A última semana analisada (308 casos, média/dia) corresponde ao período de 01 a 07 de Junho, dom/dom.
Crescimento muito significativo desta última semana, todavia ainda longe de resultados médios anteriores, com duas semanas de mais de 700 casos, seguidas de duas semanas com médias de 500 novos infetados/dia.
Este Índice mostra que não estamos bem, mas já estivemos pior.
Este é o indicador que melhor analisa a verdade do estado da Pandemia e que influência todos os restantes índices
Cerca de 80% destes novos casos têm origem em LVT e está diretamente relacionado com surtos localizados na periferia de Lisboa e não com as restantes Regiões.
Não existe evidência que estes últimos acontecimentos tenham relação com o Processo do Desconfinamento, uma vez que em todas as outras regiões de Portugal, Norte, Centro, Alentejo, Algarve e Ilhas, o número de Novos Doentes têm sido muito baixo.
■ DOENTES INTERNADOS - EXPESSIVAMENTE A DIMINUIR
□ Apenas levantar uma questão a que não sei responder e mais dirigida aos meus amigos médicos:
Observa-se que o número de Doentes Internados e em UCI,tem baixado sistematicamente, sendo que ontem eram “apenas” 421 em tratamento hospitalar.
Qual a razão técnica na lentidão dos Serviços de Saúde em responder aos restantes doentes não Covid do país?
Será que o grande número de doentes, hoje 28.791,tratados em domicílio ocupam os nossos médicos especialistas?
Esta é uma questão que eu gostava que os jornalistas colocassem à Sra. Ministra, nas Conferências da DGS/MS.
O meu amigo Sebastião L. pode ajudar-nos a fazer chegar este recado aos seus colegas Jornalistas?
Os últimos dados analizados reforçam a probabilidade, segundo os Epidimiologistas, de um aumento, em LVT, na 3a semana de julho. A DGS, nesta expectativaestá a reforçar os hospitais desta Região.
■ ÍNDICE de LETALIDADE
1.485 óbitos. Índice em 4,3% de 34.885 doentes contagiados.
Apesar do crescimento dos doentes contagiados, os novos doentes são de grupos etários mais jovens. Esta variação etária, vai fazer baixar o número de falecimentos, como já se observa.
■ ÓBITOS por DIA
□ Antepenúltima Semana (semana de 18 a 24 Maio de 2020): média/dia = 14,1 óbitos
□ Penúltima Semana (semana de 25 a 31 Maio de 2020): média/dia = 13,4 óbitos
□ Última Semana (semana de 01 a 07 Junho de 2020):
31 Mai, 14 óbitos (Dom)
01 Jun, 14 óbitos
02 Jun, 11 óbitos
03 Jun, 11 óbitos
04 Jun, 08 óbitos
O5 Jun, 10 óbitos
06 Jun, 09 óbitos (Sáb)
Média/Dia = 11 óbitos. A mais baixa de sempre!
□ Semana em Curso:
07 Jun, 05 óbitos (Dom)O menor número de sempre!
08 Jun, 06 óbitos (Seg)
□ Por Grupo Etário:
O grupo etário dos > 80 anos, com 1.004 óbitos, 67,6% do total de 1.485 óbitos.
O grupo etário dos 70/80 anos, com 283 óbitos, 19,5% do total de 1.485 óbitos.
O grupo etário dos < 70 anos, com 198 óbitos, 13,3% do total de 1.485 óbitos.
Logo o grupo etário dos > 70 anos, com 87,1% do total óbitos.
□ Letalidade Por Milhão de Habitantes, por Região do Continente (06-Junho-20):
107,9 em LVT
218,5 no NORTE
140,2 no CENTRO
Apesar dos últimossurtos da Região de LVT, o número de óbitos desta Regiãoé ainda,bem mais reduzidoque a Norte e no Centro do País.
■ CASOS RECUPERADOS
Até hoje, 21.156 doentes recuperados.
■ RESEARCH & DEVELOPMENT
Para hoje não me tornar muito extenso, adiarei para a próxima semana a abordagem a uma empresa especializada na computação de base de dados, a BLUEDOT, Global Early Warning for infectious Diseases.
Presta serviços aos países, às cidades, à aviação, aos serviços de saúde, etc. antecipando os acontecimentos provocados pela pandemia, permitindo às autoridades agirem em vez de reagirem.
✅ Regressarei aqui, como já sabem, semanalmente ou quando alguma anomalia dos indicadores o justificarem.
Meus Cumprimentos e bons Abraços
Rui S.
Fonte
Old Boys Network. Recebido 08 de Junho de 2010, às 14:34 UTC+1.
Etiqueta principal: Covid-19 em Portugal.
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As máscaras são para ser usadas por pessoas doentes em contacto com pessoas saudáveis, pelos cuidadores de pessoas doentes e por quem desinfeta zonas hospitalares referenciadas, por mais ninguém.
Por Gabriel Branco,
Diretor do Servico de Neurorradiologia do Hospital Egas Moniz,
no Observador a 06 de Junho de 2020, às 00:06. • Tem comentários.
A população em geral tem sido aconselhada ou obrigada por Lei a usar máscaras que cobrem a boca e nariz, sem que as autoridades responsáveis por essas sugestões ou ordens tenham fundamentado de forma clara as provas da eficácia dessa prática, no que se refere à prevenção de doença respiratória viral.
Parece ser útil no interesse da saúde pública conhecer os dados científicos disponíveis sobre a eficácia dos diversos de tipo de máscaras na proteção contra estes agentes.
Existem basicamente 3 tipos de máscaras:
1. Máscara têxtil reutilizável após lavagem;
2. Máscara de tipo cirúrgico, de elásticos ou atilhos;
3. Máscara filtro respiratório, designadas P1 a P3;
As máscaras cirúrgicas foram concebidas para proteger o campo operatório, filtrando 95% das bactérias expiradas, por reterem partículas a partir de 1000 nm. Não foram concebidas como filtros respiratórios de proteção individual.
A letra P é uma abreviatura de FFP (Filtering Face Piece); estas são as únicas máscaras que podem ser consideradas como filtros respiratórios. A maior parte das máscaras FFP contêm um filtro plástico central, mas muitas máscaras correntemente em uso em Portugal, com código KN300, não têm esse componente, embora possam ser classificadas como P1 ou P2.
Nos EUA a sigla N95 é equivalente a P2 ou P3 na Europa. Os números 95 e 300 significam que há uma capacidade de filtrar 95% ou mais de partículas de dimensão igual ou superior a 300 nm.
Revendo a literatura científica, devemos considerar a superioridade dos RCT sobre os artigos gerais. RCT são Estudos Randomizados Controlados e representam o grau de prova máxima que é possível obter em ciências médicas e biologia.
Especificamente sobre a proteção de máscaras contra os vírus da gripe, destaca-se um grande artigo de revisão crítica sobre a eficácia das máscaras, cuja conclusão passo a citar: “Nenhum dos estudos estabeleceu uma relação conclusiva entre o uso de máscara/respirador e a proteção contra a infeção por gripe (influenza): Influenza Journal (DOI:10.1111/j1750-2659.2011.00307.x)
A eficácia da máscara cirúrgica é definitivamente colocada em causa num RCT de boa qualidade, que compara a eficácia da máscara cirúrgica com os filtros respiratórios: A cluster randomized clinical trial comparing fit-tested and non fit-tested N95 respirators to medical masks to prevent respiratory virus infection in health care workers. Influenza and Other Respiratory Viruses (DOI:10.1111/j.1750-2659.2010.00198.x)
De facto, olhando para as especificações técnicas dos fabricantes de máscaras não é surpreendente a falta de provas científicas sobre a eficácia das máscaras das doenças tipo gripal. O Ortomixovirus, que é o agente da gripe A (influenza nos EUA) tem dimensão de 180 nm, portanto abaixo da capacidade filtrante das máscaras. O diâmetro do Coronavirus é de apenas 80 a 120 nm, o que o torna ainda mais difícil de filtrar que o Ortomixovirus.
Para além disso o Ortomixovirus tem tendência para formar aglomerados filamentosos, o que motiva a formação de partículas maiores, enquanto esse fenómeno não se verifica tanto nos Coronavirus.
Quanto às máscaras têxteis, o seu uso não só não protege como agrava o risco de infeção viral: A cluster randomized trial of cloth masks compared with medical masks in healthcare workers. (BJM Open 2015;5:e006577.doi:10.1136/bmjopen-2014006577).
Ou seja, a utilização de máscaras têxteis no âmbito da prevenção de doença respiratória viral é prejudicial, pelo que a sua circulação deveria ser proibida.
Assim, a Organização Mundial da Saude (OMS) publicou em 6 de Abril de 2020 uma reavaliação sobre o uso das máscaras de proteção individual, sobre o assunto específico do Coronavirus. E concluiu: “as máscaras continuam a estar recomendadas apenas para certos grupos específicos – doentes infetados com o SARS-Cov-2, pessoas com sintomas, cuidadores ou profissionais de saúde em contacto com doentes infetados ou suspeitos.”
Nos estudos científicos as máscaras cirúrgicas são utilizadas por um máximo de 4h. O uso continuado de máscaras, sobretudo em exercício, reduz a oxigenação e aumenta a taxa de CO2. A acumulação de humidade e a concentração de partículas captadas do ar disponibiliza na máscara um maior número de agentes nocivos ao utilizador, portanto confere um risco maior de infeção do que o da respiração livre.
Não é assim compreensível a posição da DGS e do Governo português, que emitem ordens sobre o uso de máscaras contra os dados científicos, mas também contra as próprias diretrizes da OMS, o que constitui um atentado contra a saúde pública.
As máscaras são para ser usadas por pessoas doentes em contacto com pessoas saudáveis, pelos cuidadores de pessoas doentes e por quem desinfeta zonas hospitalares referenciadas, por mais ninguém.
Não há qualquer indicação para o uso generalizado de máscaras em pessoas saudáveis na comunidade, podendo mesmo ser afirmado com propriedade, que o seu uso acarreta riscos tangíveis.